Bumba Meu Boi
Você já notou que o futebol é um esporte repleto de nomes que fazem alusão a animais? Há os craques apelidados como Ganso, Falcão, Leão e Pato, mas também existem aqueles animais que ninguém quer em jogo, como o Frango e a Zebra.
Outro bicho presente nas quatro linhas é o boi, que aparece no termo “Bumba meu Boi”, usado para denominar aquele pontapé defensivo muito alto, de pouca extensão e quase sempre acidental. Mas de onde será que veio esse termo?
O Bumba meu Boi é uma das manifestações mais populares do folclore brasileiro e também é conhecido como Boi Bumbá, Boi Calemba, Bumba de Reis, Reis de Boi, Boi Pintadinho e até Cavalo Marinho. A origem da celebração do boi é incerta e, apesar de ser um costume mais forte nas regiões Norte e Nordeste, está presente em todo o país. Por isso, os hábitos e a história podem sofrer variações.
O festejo mistura dança, música e teatro para contar a lenda. No geral, a história fala de Francisco e sua esposa, Catirina. Grávida, Catirina sente desejo de comer língua de boi. Para satisfazer seu desejo, Francisco escolhe o boi mais bonito para matar, sem saber que era o preferido do fazendeiro que os escravizava. Furioso, o fazendeiro mandar prender Francisco e pede ajuda a um pajé para ressuscitar o animal. Há versões em que essa ressurreição se dá por milagre de Deus, nos lembrando do nosso passado colonial em que crenças pagãs foram adaptadas pelo catolicismo.
De toda forma, a história acaba com uma grande festa com toda a comunidade da fazenda. Durante a celebração se misturam fé, arte, mitologia, alegria e devoção. Para as apresentações, um boi é produzido com armações de madeira e revestido com tecidos coloridos, bordados e fitas. Seus movimentos são controlados por uma pessoa que fica embaixo da fantasia, chamada de “miolo do boi”.
A festa, que reúne milhares de foliões, foi perseguida pela elite nordestina na década de 1860 por sua origem negra, chegando a ser proibida pela polícia. Apesar disso, resistiu por séculos e é considerada Patrimônio Cultural do Brasil desde 2011, além de ser eleita patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco. Uma das figuras centrais para a disseminação de tradições de matriz popular africana, em especial o Bumba meu Boi, é José Antônio Pires de Carvalho, o Tião de Carvalho. Compositor, ator e produtor cultural, Tião toca em São Paulo uma das festas de rua mais populares. O Bumba meu Boi do Morro do Querosene, no bairro do Butantã acontece três vezes por ano, há mais de três décadas.
Algumas das tradições seculares que o Bumba meu Boi carrega, como religiosidade, festa, brincadeiras, manifestação popular e complexidade cultural, também são características no nosso futebol. E a jogada Bumba meu Boi é mais um desses lances típicos! O objetivo é tentar fazer o gol a qualquer custo e, para isso, o time todo vai em direção ao gol adversário e o jogador mais recuado chuta a bola para o alto. Esse movimento se parece muito com uma manada, com um rebanho que avança. Por isso recebeu esse nome.
E você? Já sabia disso? Compartilha com a gente se conhece mais alguma festividade local.
#EducativoMuseudoFutebol #BoiBumba #SãoJoão #Patrimonio